domingo, 19 de julho de 2009

PORTFÓLIO DE APRENDIZAGEM



Estamos encerrando o semestre, tivemos que assistir o filme “Entre os muros da escola” para realizar o trabalho final do semestre. O filme é uma produção francesa, dirigida por Laurent Cantet e vencedor Palma de Ouro, Cannes, 2008, apresenta situações vividas durante um ano letivo, em uma sala de aula de uma escola pública francesa. Apesar de tratar de outro contexto cultural e de uma faixa etária, diferente daquela com a qual trabalho, as cenas retratadas são comuns em qualquerespaçoeducativo.
O filme retrata o que acontece dentro de uma sala de aula, numa escola pública, formada não só de alunos franceses. Percebe-se a diversidade étnica, incluindo chineses e africanos. Alunos que enfrentam o contraste das culturas entre si numa convivência, em um período bastante propício de resultar em confusão: a adolescência.
Sabemos que as crianças e adolescentes seguem fases mais ou menos parecidas quanto ao desenvolvimento moral, e cabe a nós, professores, compreendermos e lidarmos com as diferentes situações, nas diferentes faixas etárias, encaminhando o aluno para que essa transição ocorra naturalmente, a sua própria autonomia moral e intelectual.
No filme existe uma diferença cultural e social que gera os atritos e a incompreensão entre ambas as partes. O professor tenta estimulá-los, enfrentando sérios problemas com a falta de educação e descaso deles pela aprendizagem. Assim como é comum em nossas escolas e principalmente com alunos maiores.
A cena que selecionei foi o conflito principal, que ocorreu na expulsão de Souleymane, um garoto problemático que se indispõe com todos os colegas e com os professores, além de questionador da autoridade de François, demonstrava pouco interesse pela aprendizagem.
Entendo que aprendizagem é um processo de mudança de comportamento obtido através da experiência construída por fatores emocionais e ambientais, pela apropriação de novos saberes. Para que aprendemos necessitamos interagir com outras pessoas construindo significados para nossas ações através das experiências.
Segundo Piaget a construção do conhecimento não é concebido apenas como sendo descoberto espontaneamente pelo sujeito, nem transmitido de forma mecânica pelos adultos, mas com o resultado de uma interação. Para que a aprendizagem ocorra os objetivos pedagógicos necessitam estar centrados no aluno. Piaget permite compreender como a criança e o adolescente aprende, fornecendo um referencial para que o professor possa identificar as possibilidades e limitações das crianças e adolescentes.
As experiências necessitam estruturar-se de modo que haja a cooperação e o intercâmbio de pontos de vista na busca conjunta do conhecimento.
Através da convivência com nossos alunos é que proporcionamos o desenvolvimento dos mesmos. Assim como mostra no filme, objetivo do professor além de ensinar o Francês é trabalhar o conhecimento de suas identidades, com o auto-retrato e escrever sobre si mesmo, tentando fazer com que seus alunos desenvolvam a cooperação e o senso crítico, para que se tornem sujeitos autônomos e com princípios morais. E até Souleymane envolveu-se com esta proposta que para ele era uma aprendizagem com significado.

AUTISMO

O autismo é classificado como um distúrbio do desenvolvimento humano. A respeito do autismo a ciência ainda diverge e muitas questões se encontram por responder. O autismo não segue o que podemos chamar de padrão, pois apresenta diversas características. Conduto, basicamente o que se observa, geralmente antes dos três anos, são problemas para que a comunicação se efetive, assim como na interação com outras pessoas e no emprego do poder imaginativo. Acomete cerca de cinco entre cada dez mil nascidos e é quatro vezes mais comum entre meninos do que meninas.
É uma enfermidade encontrada em todo o mundo e em famílias de toda configuração racial, étnica e social. Não se conseguiu provar nenhuma causa psicológica no meio ambiente dessas crianças que possa causar autismo.
CARACTERÍSTICAS COMPORTAMENTAIS DA CRIANÇA AUTISTA
· Resiste a métodos normais de ensino
· Risos e gargalhadas inadequadas
· Ausência de medo de perigos reais
· Aparente insensibilidade a dor
· Não se aninha
· Forma de brincar estranha e intermitente
· Não mantêm contato visual
· Conduta distante e retraída
· Indica suas necessidades através dos gestos
· Age como se fosse surdo
· Crises de choro e extrema angústia por razões não discerníveis
· Gira objetos
· Dificuldade em se misturar com outras crianças
· Resiste a mudanças de rotina
· Habilidades motoras fina/grossa desniveladas
· Hiperatividade física marcante e extrema passividade
· Ecolálico
· Apego inadequado a objetos
O diagnóstico do Autismo é baseado entre outras avaliações, na observação criteriosa e sistemática do comportamento. A partir da presença de sete comportamentos dos citados acima, já existe uma forte hipótese diagnóstica para o autismo.
No Brasil, as pessoas que sofrem com autismo chegam a 1 milhão. Elas apresentam deficiências nas áreas da comunicação, interação social e comportamento e podem ter problemas mentais associados. Trata-se de um distúrbio do desenvolvimento neurológico. Dentro do espectro autista há os mais comprometidos, chamados de “baixa funcionalidade”, e, noutro extremo, os caos mais leves, como a síndrome de Asperger. O diagnóstico não pode ser fechado durante os primeiros anos de vida, mas especialistas defendem que mesmo antes do primeiro ano de vida já podem ser notadas características autistas.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

HISTÓRICO DA SÍNDROME DO AUTISMO

Em 1867, Henry Maudsley foi o primeiro psiquiatra há ter interesse por crianças com distúrbios mentais graves, descobrindo várias delas dentre elas, o Autismo. Já no século XX, de Santis introduz o termo Demetria Precocíssima, onde aparecem casos de início muito precoce.O autismo em 1943, caracterizado por Leo Kanner tornou-se razão um dos desvios comportamentais mais estudados, debatidos e disputados, que teve o mérito de identificar a diferença do comportamento esquizofrênico e do autismo. Até hoje, sua descrição clínica é utilizada da mesma forma, que foi chamado de Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo – Síndrome Única. Na década de 70, houve a proliferação dos critérios diagnósticos.Em 1983, as Síndromes de Asperger e Rett foram reconhecidas e deixaram de ser consideradas autismo, a Associação Americana de Psiquiatria cria o termo Distúrbio Abrangente do desenvolvimento e em 1987, o autismo deixa de ser uma psicose infantil. Hoje, o estudo está voltado para o aprofundamento real do que é o autismo, adaptação das crianças especiais em escolas de ensino regular e trabalhar também a afetividade das famílias dos mesmos.

domingo, 12 de julho de 2009

Concepção de Índio

Após a leitura do texto “Os Índios no Brasil: quem são e quantos são”, escrito pelo representante do povo Baniwa, Gersen dos Santos Luciano, proposta na Interdisciplina de Questões Étnico-Raciais esta foi a minha reflexão sobre o assunto:
A denominação índio ou indígena, segundo os dicionários da língua portuguesa, significa nativo, natural de um lugar. São também os nomes dado aos primeiros habitantes (habitantes nativos) do continente americano, os chamados povos indígenas. Mas esta denominação é o resultado de um mero erro náutico. O navegador italiano Cristóvão Colombo, em nome da Coroa Espanhola, empreendeu uma viagem em 1492 partindo da Espanha rumo às Índias, na época uma região da Ásia. Castigada por fortes tempestades, a frota ficou à deriva por muitos dias até alcançar uma região continental que Colombo imaginou que fossem as Índias, mas que na verdade era o atual continente americano. Foi assim que os habitantes encontrados nesse novo continente receberam o apelido genérico de “índios” ou “indígenas” que até hoje conservam. Deste modo, não existe nenhum povo, tribo ou clã com a denominação de índio. Na verdade, cada “índio” pertence a um povo, a uma etnia identificada por uma denominação própria, ou seja, a autodenominação, como o Guarani e o Yanomami, etc.
Segundo os dados presentes em algumas estimativas, quando Pedro Álvares Cabral aqui chegou esta terra era habitada por pelo menos cinco milhões de índios. Pelos dados do IBGE, de 2001, esta população está reduzida a pouco mais de 700.000 índios, em todo o território brasileiro.
Antes da década de 70, chamar alguém de índio fosse ele nativo ou não era uma ofensa. No inicio da década de 1980, com o movimento indígena, passam a ser valorizados os povos que falavam suas línguas originárias e praticavam suas tradições. A partir disso o apelido de pejorativo passam a ser parentes, companheiros, irmãos de história, lutando por direitos e interesses comuns. Dentre esses direitos encontra-se a própria continuidade das diferenças de projetos societários, de garantia de territorialidades e da conquista de cidadania global reconhecida.
O reconhecimento da cidadania indígena brasileira e, conseqüentemente, a valorização das culturas indígenas possibilitou uma nova consciência étnica dos povos indígenas do Brasil. Ser índio passou de uma generalidade social para uma expressão sociocultural importante do país. O processo de reafirmação da identidade indígena e o sentimento de orgulho de ser índio estão ajudando a recuperar gradativamente a auto-estima indígena perdida ao longo dos anos de repressão colonizadora.
Os povos indígenas no Brasil conformam uma enorme diversidade sociocultural e étnica. São 222 povos étnica e socioculturalmente diferenciados que falam 180 línguas distintas. Essa diversidade é o resultado de uma drástica redução ao longo da história de colonização, uma vez que já havia além de 1.500 povos falando mais de 1.000 línguas indígenas distintas quando Pedro Alvarez Cabral chegou ao Brasil em 1500.
A interculturalidade é uma prática de vida que pressupõe a possibilidade de convivência e coexistência entre culturas e identidades.
Sua base é o diálogo entre os diferentes, que se faz presente por meio de diversas linguagens e expressões culturais, visando a superação da intolerância e violência entre indivíduos e grupos sociais culturalmente distintos. É necessário reconhecermos a diversidade cultural brasileira.
A figura do professor e do livro didático é verdadeira autoridade, que a criança respeita.
Penso que para desfazer o preconceito da sociedade contra o índio devemos começar respeitando-os na condição de primeiros habitantes do Brasil. Trabalharmos com nossos alunos sobre a sua história, sua importância cultural, suas lutas por melhores condições que deveriam ter por direito. É preciso também, que a sociedade conheça a realidade das aldeias indígenas e identifique o quanto estas comunidades precisam de apoio e de respeito. Devemos realizar debates com reflexão, utilizando-nos de recursos pedagógicos que valorizam este povo e que venham de encontro a descontrução deste preconceito.

sábado, 11 de julho de 2009

ADORNO E KANT

Para a educação, a exigência que Auschwitz não se repita é primordial.
Adorno considera “que o mais importante para enfrentar o perigo de que tudo se repita é contrapor-se ao poder cego de todos os coletivos, fortalecendo a resistência frente aos mesmos por meio de esclarecimentos do problema da coletivização” (1995,p.127). Por isso se faz necessário o esclarecimento das pessoas de que quando fazem alguma coisa vinculada ao coletivo, devem se questionar antes refletindo sobre o que seria o fim de suas ações. Enfim, esclarecer as pessoas com relação aos costumes que são seguidos e não refletidos, como por exemplo, os trotes com ritos de iniciação à escola. Em cada situação que a consciência é mutilada, isto se reflete sobre o corpo, e isto pode provocar a violência. Educar contra a barbárie ganha sentido quando de forma humanizadora, que tem a intenção de resgatar nas pessoas a sensibilidade em relação ao outro para uma convivência civilizada.
A educação é entendida por Kant, como sendo ativamente humanizadora do homem. A educação compreende fundamentalmente dois momentos: a disciplina (parte negativa) e a instrução (parte positiva). O homem necessita da sua própria razão. E para isso uma geração educa a outra, no intuito de desenvolver as disposições naturais existentes no ser humano. O homem deve desenvolver a sua moralidade em direção ao bem.
Ambos defendem a educação pela humanização do ser humano, promovendo a superação da selvageria e barbárie que o homem sem educação, moral e ética é capaz de promover.
A educação é desafiadora, e deve ser pensada de forma que o homem seja disciplinado, torne-se culto, torne-se prudente ou adquira civilidade, e por fim cuidar da moralização. Temos que quebrar paradigmas da educação tradicional, educação pela disciplina através da dureza, que antigamente era explicita através da punição, de castigos, e hoje ainda predominante só que de maneira mais camuflada, através da repressão psicológica. É preciso através do esclarecimento, despertar a consciência sobre as ações e as conseqüências que podem gerar estas ações. Pois estamos acostumados a presenciar a falta de valores morais e éticos entre os jovens em nossas escolas, praticantes de violências físicas, assim como psicológicas.
Buscamos com a nossa prática a formação de cidadãos críticos, éticos e que sejam capazes de uma boa convivência, respeitando ao próximo, sem discriminação, que deve ser estimulada desde a primeira infância.

Dimensões da expressão afro-cultural

É preciso entender que a desigualdade no Brasil tem cor, nome e história. Esse não é um problema dos negros no Brasil, mas sim um problema do Brasil, que é de negros, brancos e outros mais. (Flavio Gomes).
O negro veio para o Brasil como escravo, considerado um ser dominado e inferior. O branco assimilou e aprendeu a considerar o negro como inferior e a se sentir superior e isto está no inconsciente coletivo do povo brasileiro.
Não nascemos racistas, mas nos tornamos racistas devido a um histórico processo de negação da identidade dos povos africanos.
Com a leitura do texto “Auto Imagem e Auto-Estima na Criança Negra:um Olhar sobre o seu Desempenho Escolar” de Marilene Leal Pare percebi que o que aconteceu com os meninos entrevistados por ela, acontece na realidade, com maioria dos negros, pois a maioria deles tem sua auto-estima baixa por serem discriminados, ocorrem as repetências nas séries e até um índice de evasão entre eles, que é bastante grande.
Para mudar essa situação há que desenvolver todo um trabalho com brancos e negros.
Em um primeiro momento da infância é de extrema importância à ação da família em despertar na criança a sua identidade negra e reforçar a sua a auto-estima.
Assim como fundamentar a prática escolar diária direcionando-a para uma educação anti-racista é um caminho que se tem a percorrer. Nesse caminhar, podemos identificar alguns pontos básicos que poderão fazer parte das reflexões/ações no cotidiano escolar, no sentido de tratar pedagogicamente a diversidade racial, visualizando com dignidade o povo negro e toda a sociedade.
Na sala de aula, devemos estudar a cultura afro-brasileira, reconhecendo e valorizando as contribuições do povo negro, e também valorizar o nosso aluno negro, pois mesmo que o aluno possua um suporte sócio – afetivo proporcionado pela família ou pela escola, ele enfrenta situações discriminatórias, que podem afetar a sua sociabilidade e o seu rendimento escolar. O enfrentamento e a superação do racismo demandam das crianças negras um grande esforço, para que possam crescer como cidadãos bem sucedidos.